‘Não dava para pensar somente na gente. Nós éramos a voz do povo. E a gente teve o poder de fazer alguma coisa para eles’

por frg publicado 01/12/2022 18h25, última modificação 05/12/2022 13h55
A fala é de Ana Clara dos Santos, uma das jovens parlamentares que relatam suas experiências com o Parlamento Jovem


Ana Clara dos Santos estudava há apenas quatro meses na Escola Estadual Valdevino Parolin Acordes quando foi eleita vereadora mirim. Sua campanha teve como proposta, principalmente, trazer melhorias para a área do lazer no bairro Santa Maria - causa que mobiliza não apenas Ana Clara e os(as) colegas da escola, mas toda a comunidade. 

A jovem de 14 anos foi parlamentar na primeira gestão do Parlamento Jovem, um projeto fruto da lei 1.503/2021 - que tem como foco estimular a consciência política paralelamente à formação escolar.

“Meu pai é caminhoneiro e sempre assiste e fala sobre política em casa. Eu já achava um ramo muito legal e bom para aprender mais. Por isso eu aceitei participar”, contou. 

“Quando a gente tomou posse dos cargos eu me reconheci naquele lugar, naquela cadeira. E fiquei muito feliz. Fui eleita 1ª secretária. Eu me vejo como uma pessoa bastante comunicativa, gosto de falar e acho que a função combina com minha habilidade. Eu já tinha estudado um pouco e era o cargo que eu queria”, explicou.

A cada sessão estava mais preparada, trazendo demandas a partir do que vivenciava, com iniciativas como a biblioteca itinerante nos terminais da cidade, o cuidado e o resgate de animais de rua, os projetos de ampliação das áreas de lazer nos bairros, especialmente no Santa Maria, o programa de esporte no contraturno escolar, os cuidados na área da segurança pública, a regularização de placas com nomes das ruas - para acabar com o extravio e o não recebimento de correspondências em seu bairro. 

“Outras demandas chegavam a partir de colegas que contavam que precisavam disso ou que estavam com tal problema no bairro. E eu tentava encaixar nos projetos e submeter nas sessões. Não dava para pensar somente na gente. Nós éramos a voz do povo. E a gente teve o poder de fazer alguma coisa para eles, contou Ana Clara, que teve auxílio de uma professora no desenvolvimento da redação das indicações, requerimentos e projetos. Há, então, uma questão geolocalizadora de demandas que diversifica a atuação da Câmara Municipal de Fazenda Rio Grande (CMFRG). 

A vereadora, por exemplo, submeteu o projeto de lei (PL) que institui a concessão de passe estudantil com desconto de 50% na passagem para estudantes com renda de até um salário mínimo por família. Como justificativa, a estudante explicou que tem “colegas que treinam, por exemplo, ali no Pinheirinho, ou fazem algum curso, e que gastam R$ 11 mais o valor do curso. Para uma família de baixa renda, que tem vários filhos, fica pesado manter. Às vezes, dá pra bancar isso só para um filho”. 

Sophia Beatriz Cunha Moreira, de 12 anos, colega de Ana Clara e também vereadora, contou que “foi muito bom participar para conhecer como funcionam as leis e outras coisas que nunca tinha ouvido falar”.

Ela também é moradora do Santa Maria e compartilhou a atuação em prol da melhoria do lazer no bairro. Além disso, pautou matérias sobre a segurança pública, com rondas ostensivas, o programa de desenvolvimento sustentável nas escolas e a preservação do meio ambiente. Na área de saúde, trouxe matérias sobre construção de hospital e a ampliação de atendimento das Unidades Básicas de Saúde.

O PL proposto por Sophia versa sobre a ampliação de vagas de estacionamento destinadas a pessoas com deficiência em locais públicos. Durante seu mandato, a vereadora destaca que sua experiência foi positiva: “eu tinha uma ideia superficial e com a minha participação consegui aprofundar e descobrir a função de cada um lá”. 


Este texto faz parte de uma série sobre o Parlamento Jovem - Lei 1.503/2021 que tem como foco estimular a consciência política paralelamente à formação escolar.